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O que você vai ser? Especialista?!


​Há um tempo não muito distante, você e eu, crianças, já dissemos um dia: "-quando eu crescer eu quero ser como... Quero ser médico! Não! Quero ser doutor! Não! Quero ser professor! Não! Quero ser ESPECIALISTA!"

Vira e mexi, conforme as notícias saem, a gente houve coisas mais ou menos assim: "..., disseram os especialistas". Parece que ser especialista é uma coisa importante, pois sai até em jornal. Às vezes, quando não é a vez dos especialistas, a notícia sai assim: "...segundo os analistas". Quando as analistas aparecem, os especialistas perdem a vez.

Eu quando vejo notícias assim, fico na dúvida se os especialistas são especialistas mesmo ou se são generalistas especiais. Isto porque isso é dito de uma maneira tão genérica que "especialista" parece ser um complemento dispensável a informação que a notícia traz. Pode ser que os "especialistas" se remetam aos "especiais das listas" de alguém.

Isso, claro, se você deixou seu nome e seu currículo nas diversas vagas de empregos, certamente você é um especial da lista que seu potencial chefe vai ver. Neste caso, se você cair fora da lista, você poderá dizer que foi um excelente carteiro, afinal entregar muitos currículos por ai é um excelente treino para trabalhar nos correios e uma oportunidade para adicionar isto como informação ao seu currículo. Tudo isso me lembra algo que o meu orientador da minha pós-graduação falou uma vez: "especialista é o cara que sabe quase tudo sobre quase nada".

Se você se chamar "Ana" e tiver como complemento "lista", as chances de ser contratado será mais alta que os demais. Analistas é algo que o mercado deseja ter, mas o mercado busca por "analistas especialistas". Sim, vai ter briga de jornalistas pela adição de mais um termo porque quanto mais palavras na notícia mais caro fica. E fica mesmo! Mas é viável, considerando que para se tornar analista especialista é necessário muito investimento. Mas acaso não é adição de mais termos que te torna um verdadeiro especialista?

Pense assim: você é um "analista especialista carteiro". Você viu como mudou as coisas. Você com um currículo assim, ganhará transferência de uma lista especial de especialista para uma lista especial de especialistas carteiros e detalhe: apenas você estará na lista. As chances assim de contratação ficam bem maiores e seu chefe vai te dizer "você é meu analista especialista carteiro favorito". Podemos dizer que muitos carteiros andam por ai, mas poucos são especialistas carteiros.

Todavia, não basta o nome "especialista" ter tanto complemento de nome, mesmo que saía no jornal, se realmente você, o especialista, não for especialista especializado. Se não for, o nome fica desqualificado e ganha uma nova notícia dizendo "falou e disse o representante da área". Mas se for, e disserem "segundo o especialista em finanças públicas", esteja ciente de que você é realmente o cara das finanças públicas, o qual além de entender bem de finanças e de coisas públicas, entende de finanças públicas com um jeito diferente e incomparável, digno de se noticiar: "O especialista em finanças públicas, SEU NOME E SOBRENOME, esclareceu as dúvidas sobre como as políticas públicas estão refletindo na economia e nas contas gerais do município, pela perspectiva social".

Se você entendeu o que é ser especialista, muito obrigado. Posso te pôr na minha lista de currículo que você é especial. Você está na minha lista. E eu sou "especialista em dizer brevemente sobre ser especialista". Antes fossemos crianças, agora crescemos para sermos especialistas especializados, cada com uma sua especialidade de ser como é.

por Eric Ferreira

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