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O cartão do Departamento de Compras!


A eficiência de uma boa empresa está nas pessoas e na maneira em que elas atuam. A representação disso sempre requer um nome fundamental. Ao visitar as empresas moveleiras para minha pesquisa científica de mestrado, recebi um cartão de visitas para contatar a empresa em outra hora. Olhei para o cartão com a expectativa de ser surpreendido por um belo nome. Vi que estava faltando coisas. Estava escrito assim: “Departamento de Compras”.

Não tinha nome da pessoa, não tinha cargo e não tinha nem o nome da empresa. As três coisas são fundamentais para o bom contato. Para dirigirmos a uma pessoa é importante saber o nome dela e o cargo que ela ocupa. O nome da empresa é importante para sabermos qual entidade empresarial a pessoa representa. Só assim o formidável blá-blá-blá acontece. Neste caso não havia nenhum nome além deste escrito. Isto me chamou atenção. Deveria eu falar com o senhor “Departamento de Compras” ou com o senhor “Compras”?

Você por acaso já falou com o “Financeiro”, ou com o “RH”, ou com a “Produção”, ou com outros senhores departamentos? Vamos pegar o caso da “Produção” por exemplo. Você já se perguntou se a “Produção” é loira ou morena? Se é alta ou é baixa? Se é robusta ou enxuta? Daria para convidá-la para uma reunião empresarial ou chamá-la para uma deliciosa janta? Confesso que nunca senti o perfume dela. Não adianta encher de perfume, se o que falta é a essência. Quer dizer, se for na indústria moveleira, talvez o perfume eu já tenha sentido pelo pó da madeira no ambiente fabril. Mesmo que se eu conseguisse convidá-la para sair fora a uma reunião empresarial, acho que a “Produção” nunca sairia da fábrica, quem dirá o perfume.

Todo o departamento precisa de um nome fantástico de uma pessoa especializada e do nome heroico do cargo em que ela atua. Qualquer profissional que te atenda é seu herói naquilo que você precisa ser atendido. Se eu gritasse “Produção vem aqui!” ou “Compras pode vir aqui, por favor!”, quantas pessoas viriam me socorrer? Certamente viriam todos tal como acontece nas simulações de incêndios fabris na Coca-Cola. Todo mundo foge para fora da fábrica, procurando abrigo ao ar livre. De outra forma, todos os profissionais do departamento trocariam aqueles olhares de ponto de interrogação entre si e ninguém viria. Até parece competitivo conseguir a atenção de alguém.

Sem ser competitivo, mas direcionado, o cartão de visita serve para isso: chamar a atenção de alguém para um convite ao diálogo. Sim, o cartão de visita empresarial é um convite de blá-blá-blá especificado. A conversa abre janelas e portas, mas pode nem acontecer quando falta o nome do dono do convite. Fica parecendo que você perdeu as chaves.

Eu quero falar, mas ninguém quer ouvir. Eu quero ouvir, mas ninguém quer falar. Como vou conversar sem saber o nome do interlocutor? O cartão sem nome vira uma conversa entre a empresa e meus neurônios. Quando não podemos conversar, podemos pensar. Quando no outro dia chamei a atenção do "Departamento de Compras", a disposição dos colaboradores da empresa em iniciar a conversação ganhou o nome que faltava: “Olá, me chamo Vagner, sou Gerente de Compras e representante desta empresa moveleira. O que deseja?”

por Eric Ferreira

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